O CHARADISMO - O QUE É

O CHARADISMO - O QUE É

A ARTE CHARADÍSTICA

 

 

      Sobre o Charadismo pode dizer-se que essencialmente abrange 3 vertentes:

1- O charadismo é cultura;

2- O charadismo como desporto;

3- O charadismo cria amizades;

 

     Enquanto cultura, importa antes de mais frisar que, a prática charadística da procura das soluções para os problemas, incute o hábito da leitura de dicionários, extractos, calepinos, livros e até enciclopédias. A frequência deste acto, irá largamente implementar novos conhecimentos culturais e científicos, que advém da leitura e do hábito da pesquisa. Este conhecimento científico, que com o tempo vai sendo cada vez mais enriquecido, contribui mais tarde, para que o indivíduo constitua um determinado grau de auto-didatismo, que se vai reflectir no seu desenvolvimento cultural e intelectual.

     Numa primeira fase, é na comunicação e na linguagem utilizada, de uma forma geral, na transmissão das ideias e do pensamento, através das palavras, que se notam os primeiros desenvolvimentos. O indivíduo enriquece o seu vocabulário, compreende as regras gramaticais, e melhora a sua linguagem na comunicação, o que, num contexto social, o vai diferenciar dos outros, na distinção e no trato.

     A seguir, o adquirir de conhecimentos gerais que enriquecerão a cultura geral, abrangendo todos os campos do saber e da ciência, proporcionando desenvolvimento ético e intelectual, que contribuem para um melhor posicionamento na estrutura e na dinâmica social.

     Como desporto, há quem o vejo como a caça ou a pesca. Enquanto por um lado existe o prazer da descoberta da solução e da conquista do ponto, pode estar associado também um exercício intelectual descompressor que actua em termos mentais da mesma forma que actua o exercício físico. O desporto charadístico funciona assim também como um tranquilizante do trabalho intelectual, pois relaxa a mente libertando-a da pressão do “stress” diário, consumições, dores de cabeça e outras. Nos torneios charadísticos é habitual atribuir prémios aos decifradores e produtores, apesar de muitas vezes serem apenas de reconhecimento do mérito, funcionam como atractivo e ao mesmo tempo conferem ao seu decifrador o seu respectivo valor e aptidão, criando ao mesmo tempo o gosto pela actividade e pelo acumular de troféus.

     Charadismo é amizade na medida em que proporciona não só a constituição de grupos charadísticos, como também aproxima aqueles que interagem sozinhos. Na constituição de grupos, assiste-se quase sempre à dinâmica interna criada pela própria interacção social do grupo, e que resulta do exercício individual e do grupo das actividades quase sempre repartidas pelos diversos elementos, o que cria laços de amizade, muitas vezes profunda, entre os elementos. Por outro lado a competição entre grupos fomenta a rivalidade a  aproximação e a criação de laços de amizade entre grupos.

     Os decifradores e produtores solitários tem também a possibilidade de criar laços de amizade com outros charadistas através do exercício da própria actividade. Quanto maior for o grau de evolução do charadista no charadismo, maior será a sua envolvência, que lhe dará destaque entre os grupos. 

     Os “Encontros” e “Festas” periódicas entre charadistas são também uma constante, existindo para além de encontros locais, uma “Festa” Nacional do Charadismo, que se realiza anualmente sempre numa cidade diferente, onde se reúnem todos os charadistas nacionais e também alguns do Brasil. Nestes encontros são criadas amizades que duram para toda a vida e são trocadas experiências que fortalecem os laços de amizade entre todos.

     O Cruzadismo é também uma parte integrante do Charadismo, sendo considerado por muitos como o ponto de partida para o ingresso no Charadismo. De facto a maior parte dos charadistas começou pelo Cruzadismo (palavas cruzadas, sopa de letras, adivinhas, etc.. etc.) e só mais tarde consegue saltar para o patamar seguinte: o do charadismo, sendo que este passo nem todos conseguem dar, já que, também para o Charadismo é necessário ter já algum gosto ou tendência para este tipo de passatempo.

     Há quem refira que os melhores charadistas tornam-se muitas vezes, vítimas da sua arte, ou seja, eles ficam dependentes do Charadismo, já lhe chamaram vício, pois o indivíduo tem tendência para passar todo o seu tempo dedicado ao passatempo. Existem casos de charadistas que ficam a “cismar” numa certa charada durante dias e noites até que, quase milagrosamente, surge a solução.

     Normalmente os trabalhos charadísticos são elaborados tendo por base os dicionários da Língua Portuguesa que se encontram à venda em qualquer livraria, havendo porém algumas excepções para calepinos, inversões e outros extractos que por vezes só fazem parte do “arsenal” de cada charadista.

     Enfim por tudo isto, facilmente se conclui que a prática do charadismo e do cruzadismo só traz benefícios, não tão só para o indivíduo em si, mas também para o bem da Língua Portuguesa, porquanto ela está constantemente a ser enriquecida e divulgada.

     Desta forma as Associações Charadísticas nacionais, muito tem tentado por vários meios, para que o Charadismo seja divulgado e difundido nas escolas Nacionais, bibliotecas e Instituições públicas, enquanto Arte e passatempo que contribui para o bem público e Nacional.

         

Olidino, 06 de Julho de 2012. 

 

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         Às vezes ouvimos dizer que as palavras de alguém foram uma charada. Isto significa muitas vezes, que não foram fáceis de entender, que são uma espécie de mistério, que é preciso dar muita volta ao miolo para descobrir onde o orador quis chegar. Se o significado se pudesse captar sem esforço, não constituiriam uma charada. Uma charada é assim como um jogo verbal em que, a partir dalgumas palavras não muito claras, se tem de descobrir uma solução. Um exemplo poderia ser este: Pela primeira se pode entrar, a segunda se pode desfraldar. A solução é porta-bandeira. Este é um exemplo muito simples. De charadas, a maioria das pessoas conhece as palavras cruzadas. Há muitos outros tipos de charadas - aferéticas, protéticas, apocopadas, paragógicas, sincopadas, epentéticas, etc.

 

              É trabalho de charadistas compor e decifrar charadas. Para se ser charadista é preciso muita dedicação, muito estudo e muita prática. Muita gente tem a inteligência e a base de conhecimentos suficientes para iniciar uma carreira de charadista, mas falta-lhe o interesse e a capacidade para o indispensável esforço continuado. O charadismo fica assim reservado a uma pequena minoria de “maluquinhos” no bom sentido – isto é, pessoas capazes de extrema devoção a uma causa.

 

            Quanto charadistas há em Portugal? Talvez não cheguem a 200. Referimo-nos, claro, a pessoas que se dedicam intensamente à arte e não àquelas que esporadicamente decifram uma charada. Ser charadista não é difícil – exige pouco trabalho para a maioria das pessoas.

 

         Dizem estar cientificamente provado que o charadismo prolonga a vida das pessoas porque lhes exercita as capacidades mentais. Embora seja sempre de pôr reservas a afirmações do género, não custa aceitar que seja verdade.

 

       Por todos os quadrantes do Brasil e de Portugal se espalham os praticantes do Charadismo, com o intuito de divulgar a prática do Charadismo, muitas vezes em associações que editam revistas especializadas, de periodicidade trimestral, sendo as principais as seguintes: O Enigma (do CEP), Charadismo e Cruzadismo (do CEC), e O Charadista (da TE) em Braga existe o ECOS DE BRAGA e o TEP em Portalegre, para além ainda de outras publicações de âmbito mais restrito. Os conjuntos dos problemas que aparecem em cada uma dessas revistas, ou em cada uma das seções nelas publicadas, problemas estes com grau de dificuldade variado, são denominados Torneios de Decifração, sendo objectos de competição entre os charadistas praticantes.

 

         

Lugrav